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Os Dons do Espírito Cessaram? Uma Jornada Histórica de Surpresas e Evidências

  • Foto do escritor: Glalter Rocha
    Glalter Rocha
  • 21 de mar.
  • 3 min de leitura

Descubra como os dons espirituais atravessaram séculos e desafiaram a tese do cessacionismo

Um dos principais argumentos do cessacionismo clássico é que os dons espirituais — como curas, línguas, milagres e profecias — cessaram com a morte dos apóstolos e a finalização do cânon do Novo Testamento. Essa ideia, defendida fortemente por B.B. Warfield no século XIX, afirma que os dons serviam apenas para autenticar a nova revelação bíblica.

Mas... e se a história da igreja contasse outra história?

🕊️ Os Dons Nunca Sumiram: Evidências Patrísticas

Desde o segundo século, cristãos têm testemunhado manifestações do Espírito. Justino Mártir, por volta de 150 d.C., escreveu que “os dons proféticos permanecem conosco até hoje”. Para ele, curas, visões e profecias eram marcas do povo de Deus — um contraste direto com o judaísmo sem Espírito de sua época.

Irineu de Lyon, discípulo de Policarpo (que aprendeu com o apóstolo João!), relata expulsão de demônios, curas e até ressurreições em sua geração. Nada disso era visto como raro, mas parte da vida cristã normal.

Tertuliano também confirma isso. Em sua defesa da fé cristã contra os pagãos, ele mencionou revelações, curas e discernimento espiritual entre os crentes. A igreja, para ele, era cheia de poder — não só de doutrina.


⚖️ Quando a Organização Entra, a Desconfiança Cresce


A partir do século III, a igreja começou a se tornar mais institucionalizada. Os bispos ganhavam autoridade, e a estrutura eclesiástica ficava mais rígida. Como resultado, surgia desconfiança com manifestações carismáticas que ocorriam fora do controle episcopal.


Mesmo assim, teólogos como Orígenes reconheciam que os dons ainda existiam — embora menos frequentes, segundo ele, por causa da falta de santidade e fé nas igrejas.


E o que dizer de Agostinho? No início, ele era próximo do cessacionismo. Mas mudou de ideia após experiências em seu ministério. Em A Cidade de Deus (livro 22), relata mais de 70 milagres que ele mesmo presenciou, entre curas e libertações.


🌿 Idade Média: O Espírito Continuou a Soprar


Mesmo sendo chamada de “era do silêncio”, a Idade Média foi marcada por experiências espirituais intensas. Gregório, o Grande, falou de curas milagrosas. Movimentos como cátaros, waldenses e franciscanos relataram profecias, línguas e sinais.


Místicas como Hildegard von Bingen e Catarina de Sena tiveram visões e experiências proféticas reconhecidas por autoridades da igreja. Apesar da linguagem diferente, suas manifestações espirituais lembram claramente os dons do Novo Testamento.


🔥 Reforma e Dons: Uma Relação Complicada


Na Reforma Protestante, surgiram visões diferentes sobre os dons. Lutero aceitava milagres com cautela. Calvino, mais influenciado pelo racionalismo, defendeu que os dons extraordinários cessaram com os apóstolos.


Mesmo assim, os dons reapareceram em grupos como os anabatistas e, mais tarde, entre puritanos. John Owen, por exemplo, foi cuidadoso com manifestações emocionais, mas em sua obra Pneumatologia, reconheceu a obra do Espírito na salvação, oração e santificação — e não descartou completamente os dons sobrenaturais, apenas os subordinou à vontade soberana de Deus.


🌊 Avivamentos dos Séculos XVIII e XIX: Uma Nova Onda


Os grandes avivamentos reacenderam o desejo por uma fé cheia do Espírito. John Wesley e os metodistas experimentaram curas, revelações e orações fervorosas. Nos EUA e na Escócia, grupos como os shakers também vivenciaram dons como profecia e línguas.


Por outro lado, o cessacionismo se fortalecia em certos círculos. Benjamin Warfield sistematizou essa visão no livro Counterfeit Miracles, argumentando que os dons não só cessaram, como qualquer manifestação atual seria emocionalismo ou engano.


Mas Jon Ruthven discorda. Em Sobre a Cessação dos Charismata, ele mostra que a leitura cessacionista de 1 Coríntios 13:8–10 é frágil — e que a história da igreja prova a continuidade dos dons. Eles não cessaram: apenas foram reinterpretados ou empurrados para as margens.


💡 Conclusão: Por que os Dons Ainda Importam


A jornada dos dons espirituais ao longo da história revela uma verdade impactante: Deus nunca deixou de agir com poder entre seu povo. Do século I aos avivamentos modernos, vemos um Espírito que cura, fala, guia e transforma.


A leitura de Ruthven, Grudem, Storms e Deere nos desafia a redescobrir uma visão bíblica, equilibrada e vibrante do Espírito. Os dons não são espetáculo — são ferramentas para edificação (1 Co 12.7), testemunho (Hb 2.4) e glorificação de Cristo (Jo 16.14).


Sim, há exageros. Sim, há erros. Mas isso não anula o genuíno. Ao contrário: nos chama a praticar os dons com maturidade, amor e submissão à Palavra.


A pergunta é: você está disposto a ouvir novamente o que o Espírito diz às igrejas?


Glalter Rocha

(Minha principal fonte de pesquisa foi o excelente livro do Dr. Jon Ruthven)


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